
Segundo o vice-presidente da autonomia catalã, Josep-Lluís Rovira, “Espanha ainda não assumiu que Portugal é um Estado independente.” O governante catalão referiu a existência de uma atitude “paternalista” e de um “imperialismo doméstico” como exemplos dessa posição por parte do Estado central espanhol.
As declarações deste influente político catalão não surgem descontextualizadas… Foram proferidas no âmbito de uma movimentação que é crescente na Catalunha e que visa optar o número suficiente de apoios para declarar a independência da Catalunha de Espanha e têm como objectivo cativar Portugal para apoiar esta causa, junto de Espanha, mas sobretudo, junto das instituições europeias. O projecto terá o seu apogeu previsto num referendo a realizar na Catalunha em 2014 e onde essa opção será sufragada pela população.
Como bem referiu Rovira, “o que menos interessa a Portugal é uma Espanha unitária” e, sobretudo, “uma Catalunha independente na fachada mediterrânea poderia ser o contrapeso lógico ao centralismo espanhol“. Não nos devemos esquecer que se Portugal é hoje um país independente do “império de Castelo”, normalmente conhecido como “Espanha” tal se deve em primeiro lugar ao facto de em 1640 a revolta portuguesa ter coincidido com a revolta catalã. Na época, nos primeiros meses, a Espanha teve que optar entre reprimir os catalães ou os portugueses. A opção estratégica pela manutenção da Catalunha fez desperdiçar meses preciosos e deu a Portugal o tempo suficiente para reorganizar o seu exército e buscar apoio exterior, sobretudo em França. Sem a revolta catalã de 1640, hoje não haveria Portugal, mas mais uma “região autónoma” de Espanha.
Por isso, quando os catalães se movem para expulsar o jugo castelhano, Portugal deve pelo menos mostrar-se solidário e aliás Rovira invoca essa memória ao dizer: “A Catalunha é como Portugal mas sem os Restauradores”.

1 comentário:
Bendita seja a Catalunha!
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